Startups que indenizam passageiros de voos atrasados ou lotados decolam
Publicado em Exame em 11 de outubro de 2020
Se você já teve um voo cancelado, faz parte de um grupo de 12,1 milhões de brasileiros que sofrem do mesmo problema anualmente. De acordo com a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), 112 mil voos são cancelados por ano no Brasil, ou 11,6% do total.
Startups do ramo jurídico (lawtechs e legaltechs) surgiram há poucos anos para atender os consumidores lesados — e começam a tracionar, seja por conta própria ou por investimentos externos. É o caso dos negócios LiberFly e Resolvvi.
As startups atuam de forma similar: o consumidor entra no site e cadastra gratuitamente seu caso. Se aprovado, o consumidor cede seus direitos de processo às startups. Elas tentam negociar com as aéreas um termo de recompensa, evitando passivos jurídicos para as companhias de aviação.
Caso não cheguem a um acordo, as startups contratam um escritório de advocacia e representam o consumidor no processo judicial. O consumidor só paga caso ganhar a causa.
Um problema internacional
A LiberFly foi a primeira delas a operar. Baseada no Espírito Santo, a startup colocou o site no ar em outubro de 2016. Foram 10 mil reais de investimento inicial e seis meses de ideação do negócio, após os sócios Ari Moraes Jr., César Ferrari e Gabriel Zanette descobriram uma regulamentação europeia que obriga aéreas a indenizarem consumidores no caso de voos atrasados ou cancelados.
“Lá é algo objetivo, enquanto aqui é subjetivo. A indenização pode demorar e depende do call center da aérea e de entidades como o Procon. São empresas que valem bilhões de reais contra consumidores que gastaram centenas de reais em uma viagem”, afirma Moraes Jr. Mesmo com a regulamentação, negócios como a AirHelp também ajudam consumidores europeus a conseguirem as indenizações.